PANORAMA DAS ARTES

Verdade é que o professor, novinho , com ares intelectuais e olhos azuis, escondidos em um primeiro momento atrás de óculos de aros grossos, criou um paradoxo ao mesclar atitudes inovadoras com uma postura de severidade. Ele não registra a falta do aluno em sala de aula, mas no ano anterior, sem dó, vários dos seus pupilos não alcançaram a média necessária para a próxima etapa. As alunas trocavam entre elas olhares discretos, e indiscretos, dando a entender e perceber que o professor estava chamando a atenção , não pelo tema da aula e sim, por outras possibilidades. Quase nenhuma delas prestou atenção sequer no nome da matéria, que foge ao lugar comum das áreas de humanas e exatas já conhecidas do ensino médio. Era um só alvoroço, principalmente, quando ao final da aula ele ,em um lastro de soberba principesca, declama uma poesia de autor que, no momento, não me recordoo mome. As alunas ficaram deslumbradas , palmas e um tanto de ais coroaram de júbilo o final da última estrofe, que terminava com a expressão -"Eu te amo"- dita por ele com ênfase juvenil e apaixonada. Os alunos , os homens ficaram, meio que, no desagrado, afinal a idade do novo professor talvez se iguale a de muitos rapazes da turma. A mim restou, de camarote, assistir essas cenas e, a favor do professor, acrescentar que um homem com nome de Ricardo só pode de fato fazer diferença. Aliás, de Ricardo eu entendo, é o nome do meu amado filho e do meu marido amante amado.