domingo, 29 de junho de 2008

CANÇÃO PARA MARI

PARA UMA DAS IRMÃS MAIS QUERIDAS


Se de tudo Deus já te destes prova;
de dor, perdas e indagações,
encontras forças na distância que não separa,
no amor que ultrapassa a saudade,
e se refaz nas lembranças entre lágrimas.

Através das nuances sutis do líquido no cálice, tu viajas.
Vais além mar ou onde quiseres ir.
Sentes as delícias do sol , da neve,da paisagem.
Sabes que teu ser imanta o poder de ser feliz.

E se ainda assim, não permitissem
resvalar o dessassossego
que vai em tua alma;
podes crer que através da tênue luz,
da fumaça que embaça teus olhos fatigados,
tentarias ouvir a voz que te acalma.

Sonha Mari. O tempo é sedutor.
Ele provoca, desanima, mas tu sabes, que além mar ,
ou dentro de ti; existe algo que não muda, não se desfaz.
Ao olhar à tua volta não te inquietes,
ao veres seres tão amados ao teu redor.

Tenhas o olhar do doce poeta,que encanta.
Saibas que são entes queridos que te alimentam
da sede de querer da tua alma;
e da tua vontade e alegria do teu ser.
Teus sonhos são a tua realidade.
Tua vida o teu sonho de viver.






MENSAGEM

Ah! Saber que existiu Fernando Pessoa . Ler seus poemas . É lidar com a emoção e crer que DEUS existe.


FERNANDO PESSOA

Ó MAR SALGADO, QUANTO DO TEU SAL
SÃO LÁGRIMAS DE PORTUGAL!
POR TE CRUZARMOS , QUANTOS MÃES CHORARAM,QUANTOS FILHOS EM VÃO REZARAM!QUANTAS NOIVAS FICARAM POR CASAR
PARA QUE FOSSES NOSSOS, Ó MAR!

VALEU A PENA? TUDO VALE A PENA
SE A ALMA NÃO É PEQUENA.
QUEM QUER PASSAR ALÉM DO BOJADOR
TEM QUE PASSAR ALÉM DA DOR. DEUS AO MAR O PERIGO E O ABISMO DEU,
MAS NELE É QUE ESPELHOU O CÉU.







Essa reportagem foi avaliada como uma das melhores sobre: Etica na profissão. O professor e editor do caderno de cultura do jornal Hoje em Dia, Cesar Macedo, registrou como uma matéria ótima e com muitas fontes e informações.

O DESAFIO DA ÉTICA NA ARTE DE EDUCAR

Márcia Cesar

A ética no exercício do magistério é um dos grandes desafios do educador. Partindo do pressuposto que o professor é o condutor do processo de formação ético- moral do aluno é natural que ele adote a si mesmo como modelo. A arte de educar através de seu próprio exemplo referencia seus ensinamentos. Da educação básica à universidade o profissional da educação é comprometido com os princípios éticos e forma a base do crescimento pessoal dos seus educandos e de si mesmo. O uso do código de ética visa apenas disciplinar a conduta do profissional. Aquele consciente e de boa formação moral, mesmo que não conheça o código de ética, não o infrigirá.

IDEB O índice de Desenvolvimento da Educação (IDEB) relativo a 2007 mostra evolução no desempenho dos estudantes, que atingiu as metas propostas. Numa escala de 0 a 10, o ensino fundamental teve 4,2 da 1ª a 4ª série, ante 3,8 em 2005. Da 5ª a 8ª, o índice pulou de 3,5 para 3,8, no ensino médio, de 3,4 para 3,5. Em relação às metas , o ensino médio evoluiu pouco, mas, assim como o fundamental, já atingiu a meta de 2009. O objetivo do IDEP além de estipular metas de melhorias, para escolas,municípios, e Estados é unir em um mesmo indicador as notas e taxas de aprovação. Uma tentativa de sinalizar que não adianta aprovar um aluno que não aprendeu. No entanto, apesar da evolução no desempenho dos alunos, a qualidade do ensino é questionável. As escolas geradas por cada governo e os modismos pedagógicos são alguns dos vilões nesse processo.

INVERSÃO A especialista em educação, Daniella Reis Farinha, 36 anos, é supervisora da Escola Estadual Coronel Fulgêncio localizada no bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte.“A responsabilidade e o compromisso ético do professor são presentes na relação entre professor e aluno e constituem a ponte de ligação entre o conhecimento e a aplicação desses conhecimentos na vida”, analisa a supervisora. Segundo ela, Subverter essa ordem é não zelar pelo bom exemplo. “Sem esse compromisso o educador provoca a inversão de papéis e promove a descrença nos valores éticos”, explica Daniella. Ela ressalta que o professor não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando. Ao assumir a sua prática o educador deve assumí-la com ética. “ Será das crianças que educamos hoje que partirão as mudanças renovadoras da sociedade de amanhã”, diz ela. A especialista comenta que já trabalhou em escolas particulares e públicas e em todas elas encontrou, ao lado de bons profissionais, aqueles sem nenhum compromisso com a função. Ela deu o exemplo de um profissional que chegou ao “absurdo” de, durante todo o ano, dar aulas de inglês sabendo muito pouco do conteúdo. Ela critica o profissional que adota atitudes como, essas. “Um total desrespeito com o aluno pois, ainda que o professor graduado em letras tenha o direito de pegar aulas de outro idioma, ele está negando o acesso do aluno ao conhecimento”, explica.

ÉTICA Já a falta de ética na escola que atende alunos de um dos conglomerados mais violentos da cidade é relatado por M.R.P. A professora se identificou apenas pelas iniciais do seu nome. Ela conta que a ética passa longe do comportamento adotado pela maioria dos professores que ali atuam. “Os alunos não nos oferecem possibilidades de realizar um trabalho de resgate de cidadania, eles já chegam à escola com um histórico de vida de dar arrepios”, afirma. Ela diz que é difícil lidar com alunos assim. “A linguagem deles só nos dá a opção de falar a língua que eles entendem”. Confessando-se decepcionada com a profissão ela não “vê a hora” da aposentadoria. “É impossível pensar em ética na profissão em uma escola como essa , aqui é falar a língua deles ou esquecer, de vez, que é professora”, complementa.
Localizada na favela do Cafezal, a Escola Municipal Levindo Coelho busca soluções para tratar de problemas semelhantes. Sob a coordenação da pedagoga e professora, Morgana Brandão Nunes, 48 anos, é desenvolvido um projeto de inclusão social. Ela confirma que o exemplo de M.R.P. é o de muitos professores hoje em dia. “Realmente não é fácil lidar com essa clientela que traz uma experiência de vida pautada em exemplos de violência e abandono”, diz a pedagoga. A Escola optou por buscar parcerias na iniciativa privada. Morgana coordena um projeto que oferece atividades esportivas e oficinas de artes. O aluno é incentivado à adoção de princípios éticos no comportamento de seu dia a dia.
Segundo ela, o objetivo maior do projeto é dar uma visão mais positiva do nosso mundo. Os requisitos básicos para o profissional trabalhar no projeto são a identificação com a proposta e a adoção de uma postura ética na prática das atividades. “O magistério é quase um sacerdócio e é com dedicação, paciência, amor e ética diante da profissão que conseguimos desenvolver um trabalho baseado em uma relação, de respeito e admiração, entre aluno e professor”, explica a pedagoga.

PARÂMETROS Na Escola Municipal Marconi o atendimento se estende aos alunos do ensino médio. Apesar da localização na zona sul atende alunos de várias regiões de Belo Horizonte. Esse ano conseguiu o primeiro lugar no exame do Enem dentre as escolas municipais. O diretor Alírio Amaro de Araújo Abreu, 60 anos, ressalta que quando vivemos a autenticidade, exigida pela prática de ensinar – aprender, participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, pedagógica, estética e ética. “A responsabilidade deve achar-se de mãos dadas com a decência e a serenidade”, diz ele. O diretor acrescenta que a moral e a ética são parâmetros de trabalho na função do magistério. “Os professores trabalham os valores, nos quais acreditam, com verdade que podem ser comprovadas”, afirma o diretor.

DESCASO A ex-professora de História das Faculdades Pitágoras, em Montes Claros, Maria Lúcia Amorim, desenvolve um estudo sobre a ética no exercício do ensino universitário. A importância do tema chama a atenção por causa das suas particularidades. “A prática educativa deve ser coerente com os padrões éticos que regem a sociedade, pois somos os responsáveis pela construção do processo ético do indivíduo e dele fazemos parte desde o início”, argumenta. A professora destaca que vem observando uma mudança “para pior” com relação à ética dos profissionais da educação. Ela aponta que nas faculdades particulares o problema é ainda maior. “Parecem que se esqueceram dos princípios éticos que regem a função do ensino e com isso as faculdades particulares rompem com os laços do bom senso e só visam o lucro, pois o que observo é grande parte dos alunos, que ingressam nessas faculdades, serem aprovados por um critério que exige, apenas, um desempenho mínimo na habilidade de ler e escrever”.
Maria Lúcia destaca que na etapa do ensino superior é esperado que o aluno adquira conhecimentos suficientes para capacitá-lo ao mundo do trabalho.
Segundo ela, o grande paradoxo no ensino superior é o aluno não encontrar suporte necessário para desenvolver o pouco do saber que trás da educação básica e do ensino médio. “É como se sacramentasse a máxima que permeia toda a vida estudantil: o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende referendado o total descaso pelos procedimentos éticos na educação”, diz ela.
A professora também critica as alegações de salários baixos e escolas mal equipadas como argumentos para essa falta de compromisso do educador. “Sei de casos de professores que usam da desculpa de que ganham mal e que as escolas não têm material adequado, para justificarem aulas de cuspe e quadro”diz ela. Maria Lúcia condena o uso da profissão do magistério como “bico”. Ela considera atitudes como essa de “cúmulo” da falta de ética.

SOLUÇÃO Em entrevista coletiva o ministro da Educação, Fernando Haddad, diz acreditar que a divulgação dos índices do IDEB faz com que as escolas tenham um diagnóstico mais preciso dos seus problemas. “O casamento entre o que se ensina e se avalia”, analisa o ministro. Para os professores a luta continua em busca de soluções que propiciem melhores resultados na educação.
CRÔNICA DO DOCUMENTÁRIO SOBRE A LAGOINHA PARA O TRABALHO DE PANORAMA DAS ARTES E DO MUNDO.
O trabalho foi selecionado para compor a videoteca do Museu Abílio Barreto . BH


LAGOINHA

Essa crônica foi inspirada em meu pai, Geraldo Reis, o compositor Joel (marido de D. Mires) e nas lembranças das minhas aulas de acordeon com D Luiza .

Márcia Cesar

Um bairro central de Belo Horizonte descrito , em outros tempos por compositores anônimos, com versos que exaltavam um reduto de boêmios. Embalados pelo calor do álcool e por dedilhar de violões, várias vozes entoavam letras de um canto de lamento por amores impossíveis ou de exaltação às madrugadas sem fim.
A rua com nome de Visconde Mauá era sinônimo de “ mulheres da vida”. Casas e barracões onde se alojavam as amantes dos homens com dinheiro, ou das jovens que ficavam grávidas fora do casamento.
A sociedade repudiava os moradores do reduto, mas espiava, com curiosidade mórbida, a luz vermelha refletida nos tetos daquelas construções.
Os bares não tinham hora de fechar. Sentar em suas mesas, beber, fumar, compor , chorar, era o ritual dos boêmios.
Os homens de toda e qualquer família ali chegavam para realizar desejos e estancar o pranto da alma.
O burburinho e o movimento nas madrugadas das suas ruas eram envolvidos com a fumaça de cigarros inocentes.
Homens se vestiam de mulheres e transmudavam –se. Davam vazão ao seu apelo interior e eram compreendidos . Havia uma cumplicidade estabelecida sem preconceitos. A “ sociedade” em volta fingia que não via.
A Lagoinha seguia guardando seus segredos. Sua arquitetura neo clássica e eclética de dia abrigava um comércio intenso de ferros velhos, padarias de italianos e escolas de música para jovens de classe média de outros bairros. A noite era a guardiã da sua transformação.
O Ribeirão do Arrudas dividia a larga avenida e , às vezes revolto, já dava sinais da sua indignação com a poluição . Suas águas invadiam casa e lojas adjacentes em períodos de chuva mais intensa.
Calaram o ribeirão. Taparam seu clamor com cimento. Surgiu a Avenida com nome de imperador , mas sem nascente.
As luzes vermelhas das casas se apagaram. A boêmia perdeu a sua graça e virou “lazer noturno” encontrada em qualquer bar de qualquer região.
Calaram – se as vozes embaladas pelo álcool e pela paixão, que enalteciam as noites da lagoinha.
Os casarões e casas, com “estilo” ou “sem estilo”, foram demolidas . Tragadas por indenizações ou abandonadas levaram junto seu “povo”.
A cidade, ainda jovem, não conhece e nem reconhece seu passado. Desfaz –se de sua memória e expulsa de seus arredores a realidade que a hipocrisia não queria ver.
Restaram alguns prédios e algumas casas mais afastadas do reduto principal. Nas esquinas, uns bares abrigam um comércio de corpos , sem canto , sem encanto, sem paixão.
Onde está o velho bairro Lagoinha , senão em fotos em preto e branco expostas em museus e amarelecidas pelo tempo?
Podemos ainda encontrá-lo. Através do olhar e das histórias do velho dono do bar. O bar não mais existe. Mas as lágrimas de tristeza daquele velho, contando suas reminiscências, cria dentro da gente a certeza que só preservando o passado da nossa cidade seremos donos do nosso presente e nossas lágrimas no futuro serão apenas de saudades.
REPORTAGEM FEITA NOS JORNAIS ESTADO DE MINAS ; HOJE EM DIA E FOLHA DE S. PAULO SOBRE EDITORIA INTERNACIONAL
Data : 28/05/08


O DESAFIO NA CONSTRUÇÃO DAS NOTÍCIAS INTERNACIONAIS

A construção das notícias internacionais começa pela leitura diária das notícias do mundo inteiro


Luciene Estevam e Márcia César

Quem lê as notícias do caderno internacional, normalmente desconhece o caminho que ela faz até chegar ás bancas. A construção dessas notícias nos principais jornais mineiros, Estado de Minas e Hoje em Dia, é feita por uma equipe composta por um editor, subeditor e o diagramador. Esses profissionais trabalham lado a lado na redação.
Esse caderno possui algumas particularidades, pois não possui repórteres, então as empresas lançam mão às agências de notícias. As agências vendem pacotes com informações diárias sobre tudo que acontece no mundo. Assim, as empresas encurtam o tempo e a distância, os principais desafios enfrentados pelos jornalistas. O subeditor do caderno internacional do jornal Estado de Minas, Pablo Pires, disse que seu trabalho funciona como um copydesk: ele junta todas as informações que recebe das agências e reescreve um novo texto em cima disso.
Pablo fala que sua rotina começa às 14h. Assim que chega à redação verifica todas as notícias que foram enviadas pelas agências. No caso do EM, são associadas três agências: Reuters, Air France Press e Association Press. Juntamente, as agências mandam uma pauta própria, como se fosse um resumo das matérias de maior destaque. Pablo conta que, a partir daí, ele monta a sua pauta. Depois é feita uma reunião com os editores para decidir onde cada matéria irá entrar e o local de destaque que será dada a cada uma. Ele mesmo escreve as matérias, as notas e escolhe as fotos do caderno internacional.
O editor do caderno Mundo do jornal Hoje em dia, Ruy Pales, explica que esse tipo de trabalho “poda” a criatividade do jornalista. E que a editoria de internacional é a menos desejada pelos profissionais da área, pelo fato de ser um trabalho menos autoral. E que o primeiro caderno a perder páginas é esse, em função dos anúncios publicitários ou de notícias “mais interessantes”.
O desejo da maioria dos jornalistas é poder contar com uma equipe completa, editor, editor adjunto, coordenadores de pauta, redatores, tradutores, diagramador, repórteres especiais, correspondentes internacionais e colaboradores em vários países do mundo. Aliás, o fato de grandes jornais manterem o “esquema” de equipes pequenas e insuficientemente apoiadas tem gerado críticas de jornalistas brasileiros, como Alberto Dines, criador do Observatório de Imprensa. “O trabalho das editorias internacionais fica prejudicado”, afirma ele.
Em São Paulo a realidade é diferente. O jornal Folha de São Paulo é uma das poucas empresas a possuir maior número de profissionais na editoria internacional. A equipe é formada por nove profissionais: um repórter especial e redatores contratados, além de correspondentes atuando em Washington, Caracas, Pequim, Nova York e Genebra. Conta também com uma rede de colaboradores em Londres, Paris, Berlim, Bruxelas e outras cidades. A Folha possui, inclusive, uma agência nacional que fornece informações para outros jornais brasileiros.
A editora adjunta de internacional do caderno Mundo e da Folha de São Paulo, Luciana Coelho, explica que houve uma crise na imprensa brasileira após o “estouro da bolha” da internet e aumento do preço de papel. A jornalista conta que houve um enxugamento das equipes, reduzindo pessoal e viagens ao exterior, sobretudo entre 2002 e 2005. ”O impacto na Folha acabou sendo minimizado por, historicamente, as equipes de internacional aqui terem um nível alto”, afirma Luciana. Ainda assim ela admite que houve limitações que só agora estão sendo revistas. “A situação já está mudando com o aumento de investimentos na área internacional e em viagens, renovação da equipe, com a saída de alguns jornalistas mais antigos e abertura de novos postos de correspondentes”, completa a editora.
Luciana começou sua carreira, como estagiária, na equipe estrangeira da agência de notícias, Reuters, em 1997. Três anos depois, já formada foi para a CNN de onde saiu, porque o projeto da rede americana para o site brasileiro não vingou. Convidada para trabalhar na Folha, foi redatora, correspondente em Nova York e atualmente é editora.
Os jornalistas Luciana Coelho, Pablo Pires e Ruy Pales possuem uma paixão e uma luta em comum: o compromisso com as suas profissões, independente das dificuldades, para exercerem plenamente o seu trabalho. Eles acreditam e gostam do que fazem.
Segundo eles, os requisitos básicos para que o estudante de jornalismo atue na área de internacional são: uma boa formação em história e geopolítica, conhecimentos básicos de economia e política, ler muito e sobre assuntos variados. “A função de todo jornalista é ser a ponte e o tradutor do fato para o leitor”, analisa Luciana.
CRÔNICA PUBLICADA NO JORNAL ESTADO DE MINAS EM 24/06/08


FÃ DE “ASPAS ” E DE PROGRAMAS ESPORTIVOS


* Márcia Cesar

O mês de maio, no calendário escolar, previa uma data para visita técnica em importante jornal do Estado. Fascinada pelo jornalismo, e tudo a ele relacionado, sequer consegui dormir direito na noite anterior ao evento. Apesar do silêncio e do clima ideal, que sequer provocou “vento indiscreto” para balançar a estrutura de alumínio da janela, acordei umas “x,y,n” vezes. Acendia a luz do “abajourt”e lembrava do “estrangeirismo” – vício de linguagem - estudado pela manhã na aula de Língua Portuguesa. Virava de lado e ressoava aos meus ouvidos o “sorriso” do meu filho achando graça da situação da “adolescente deslumbrada”. Virava de outro lado e escutava o “barulho sútil “ do sono relaxante do marido.
“Acordei com o sol a pino”. Adoro essa frase e também usar aspas. Perdoe-me quem discorda e “torce o nariz”. “Gosto não se discute e mais vale um gosto que um vintém”, afirma o ditado.
No portão da faculdade encontrei os “coleguinhas” que sempre chegam mais cedo. Cismei de comprar uma garrafinha com água que acabou acompanhada de chicletes, suquinho e até umas barrinhas de cereais “da hora” e da “moda”.
A professora, de longe, apontava o relógio no pulso e, com gestos característicos da mão, “dizia” que era hora de ir. Acomodados, nos bancos do ônibus, por afinidade e casos, partimos.
Nem bem saímos e, em plena sexta feira de manhã, no meio da avenida movimentada o ônibus parou por problemas mecânicos. O rosto suado e vermelho do motorista denunciava preocupação e nervosismo. A professora nem conversava direito. Formava par com o motorista no “quesito” preocupação. Eu apreciava, de “camarote” no meio do trânsito tumultuado, o conjunto arquitetônico da praça em frente. Exercia o meu direito de “flâneur” cantado por Baudelaire e o “olhar” ia perdido, como do poeta, pela paisagem.
O problema mecânico foi resolvido. Criou-se outro com o compromisso. Estávamos atrasados.
Após “negociação diplomática”, entre a professora de História da Comunicação e a gentil guia do jornal, fomos recebidos no parque gráfico. Lembrei do Cidiney, um ex-aluno. -“ Fessora já viu que tudo que é” fesso” tem a mesma cara” dizia ele. Nossa guia, ex professora e pedagoga, não negava a “raça”.
Seguimos para a redação localizada em área nobre da cidade. Uma jornalista com “ares intelectuais” foi nossa interlocutora durante a visita. Explicou sobre a função do jornalista e a importância das suas atribuições nos dias de hoje. “Haja” Mário Erbolato, Nilson Lage , Heródoto Barbeiro e tantos outros autores do meio.
O espaço amplo da redação é dividido em várias editorias. Qual não foi a minha surpresa ao “dar de cara” em uma delas com o jornalista que apresenta um programa na TV sobre esportes. Programa do qual meu marido é fã e eu “acabei” sendo por “analogia”. Daí foram só “flashes” das máquinas digitais e não sei mais “quais” para o registro do momento “histórico”. Eu, em “pose de fã”, fui um delírio só. Esqueci de pedir autógrafo e dedicatória, mas ganhei a promessa de ter meu nome e do marido citados na edição do programa daquela noite.
Sexta feira é dia de “happy” hour do marido. Ele chega mais tarde. Ao anoitecer estava cansada e com sono, “mas feliz”, em frente à TV. Esperava o momento do anúncio dos nossos nomes, para “consolidar” o papel de “fãs” em rede “quase” nacional. Na hora “costumeira” dessa parte do programa ... ADORMECI.

* Aluna do 3º período de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá – BH

CONQUISTA

Sensação de dever cumprido. Sinto a alma solta e a vontade de brincar com o tempo . Quando a vida não nos cobra horas ela se esconde e ficamos à mercê do infinito. O término da obrigação em forma de prêmio lustra o ego e invade de orgulho o ser humilde. Faz-se festa entre e dentre os que nos rodeiam e trocam-se beijos e abraços de alegria. A vida é o real segredo que nos ronda. Em cada curva oferece suas surpresas. Agradáveis, inexplicáveis, às vezes, ou sentidas. Sempre surpresas que não nos permitem diálogos. Essa imcompreensível verdade ronda a todos . Não importa estabelecer nenhum grau de prioridade para buscar isenções do que está por vir. Resta contribuir para que, seja lá o que vier, tenhamos feito o melhor para um bom resultado. Até a morte quando nos espreita cobra da gente. Se não amamos incondicionalmente quem está ao nosso lado sofremos duplamente a dor da perda. A vida segue alheia a tudo e a todos . Senhora de si vai levando o tempo. Tempo que tem feito da minha vida vitórias e a certeza de que novas conquistas virão. ( Pela conquista do prêmio de "Destaque Acadêmico Carlos Drummond de Andrade", no curso de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte em 26 de junho de 2008)

Somos quem somos porque queremos.

É sério! A gente tem a chance de sonhar os sonhos que a gente quer. Daí a realizá-los é uma questão pessoal de luta, discernimento e vontade de vencer!

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BH, MG, Brazil
Sou na luta pela vida, alguém que não desconhece seus iguais. Sonha com a pureza de realizar algo que consiga sensibilizar o rude de coração e convencer o incrédulo que o amor existe se a gente deixar de amar só a nós mesmos.