PARA VOCÊ QUE ACABOU DORMINDO.

Cansada de esperar pelos acontecimentos dormiu e acabou sonhando. Fez do seu sonho sua realidade e seguiu vivendo. Às vezes chorava , e não entendia, porque aquele sonho ia se tornando um pesadelo. As ruas pareciam estranhas e em um movimento vertiginoso pareciam tragar toda a raiva acumulada aqueles anos todos . Tinha de achar um culpado.
O que esperava ? O que esperava do nada era reconhecimento. O dia se fazia cinzento arrancava do seu íntimo todas as sequelas que ainda podiam existir do que um dia foi felicidade. O rio que transbordava de sua alma era viscoso e feio . Nem o sorriso da criança do outro lado da margem lhe trazia um pouco de paz . Com sentimentos tão híbridos ia se pulverizando no espaço. Se transformando em signo representativo do nada . Chorou e suas lágrimas derreteram a neve que já lhe sufocava. Acordou e percebeu que não sonhara. Tinha vivido como um espectro à procura do nada.Tinha passado um tempo que não lhe dera a chance de escolha. Sua opção só sobreviveu à morte . Só serviu para manter vivo os sinais vitais. Sobrevivera apenas. E agora o tempo passou já restava pouco, para ao invés de derreter a neve com lágrimas sentir um pouco o calor do sol em sua veias. Tentar enfim, viver um pouco. Sem muitas esperanças percebera agora que estava desperta. Seu pranto não precisava derreter a neve que por pouco não a sufocara . Agora fazia parte do ritual de quem sabe que as lágrimas foram feitas para alimentar o rio que forma os afluentes que desembocam no coração da vida palpitante . Ser que sofre, que desespera, mas não espera dormindo que as coisas aconteçam. Que sabe que a vida é feita de pesadelos e sonhos ,ações cíclicas que vão e vêm e que nos preparam para o inevitável fim. Vida que compreendida , sentida e partilhada se traduz em um sorriso cúmplice vindo do inexplicável , que produz a doce sensação da paz. (Foi incrível como as palavras desse texto foram surgindo em uma avalanche de tempestade cerebral. Explicar a sensação só com um outro texto. Tentar entender só em outra dimensão)