terça-feira, 4 de agosto de 2009

O DIA EM QUE QUIS FAZER DO DIÁRIO DE UMA QUASE APOSENTADA UMA HISTÒRIA QUE NÃO ERA MINHA

Não foram fáceis as negociações para a publicação do "Diário de Uma Quase Aposentada". Envolveu até a alta cúpula de renomado Instituto Educacional na garantia do anonimato da autora. Posto isto, percebo a enorme responsabilidade de transcrever, da forma mais discreta possível, os relatos e nomes de pessoas que quase diariamente fizeram parte desta trajetória. Algumas características sobre a pessoa que escreveu podem ser relacionadas, visto que, se parecem com o de milhões de outros aposentados neste país. Haja vista que, na área da educação, o perfil se encaixa muito bem. Sexo feminino, nem feia nem bonita, nem gorda nem magra, não muito velha mas, definitivamente, não tão jovem. O pouco tempo com dedicação, às vezes, em jornadas de até três turnos de trabalho e o salário com sobrevida apenas na primeira semana do mês inviabilizam recursos para uns, "botox da vida" ,de vez em quando.
Outra situação análoga a de outros aposentados é a idade. Mesmo com a vigência da lei - atualmente permite a aposentadoria para educadoras a partir de 50 anos e 35 de contribuição previdenciária - houve época em que com 25 anos de efetivo exercício na função podia se aposentar. Este foi o caso da nossa personagem que começou a atuar como professora aos 18 anos portanto, aos 43, estava aposentada. Apesar de já ter dado tudo de si desde a mais tenra idade o jeito foi voltar à ativa. Aqui começa esta jornada de quem era mas não podia ter sido. Aliás, lembrei de uma antiga professora de francês que ministrava aulas em um educandário público mas, de renome, na capital mineira. Aos 70 e muitos anos de idade não abria mão do seu trabalho. Andava com seu vestidão estampado, os olhos claros pintados de lápis preto que ao fim das aulas ficavam borrados. O rosto ainda guardava as feições de uma mulher bonita e era emoldurado por cabelos compridos e lisos mas já desbotados pelo tempo. Tornou-se uma figura lendária e só se afastou após, quase, um processo administrativo. Por isto, quando alguém tinha direito à aposentadoria e continuava na ativa era chamado pelo nome da professora em meio à gargalhadas de zombaria. Talvez isto fosse motivo para muita gente aproveitar logo do benefício mesmo tendo ainda muito para oferecer na área de atuação que nem o meu caso. Ei!!! Acho que a personagem está sendo eu. Ah! Dona Márcia, lembra-se da professora de Língua portuguesa da faculdade? Quando afirmou que Clarice Lispector era ela mesma personagem de seus contos e quando escrevia o também glorioso Guimarães Rosa, apenas reportava "seus causos" às lides de seus encantos? Foi advertida que para a "Literatura Portuguesa" precisamos nos reportar à algumas regras da escrita que primeiro passa pela criação de personagens. Obrigada querida professora da matéria ( por sinal, linda e sofrida). Passei com total de pontos em todas as avaliações. Mas, coisa minha: ainda acho que, quem escreve e sensibiliza, com certeza, só escreve sobre sua própria vida.

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É sério! A gente tem a chance de sonhar os sonhos que a gente quer. Daí a realizá-los é uma questão pessoal de luta, discernimento e vontade de vencer!

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Sou na luta pela vida, alguém que não desconhece seus iguais. Sonha com a pureza de realizar algo que consiga sensibilizar o rude de coração e convencer o incrédulo que o amor existe se a gente deixar de amar só a nós mesmos.